fonte: Extra

Se a Secretaria estadual de Saúde chegasse numa UPA como paciente, receberia uma pulseira vermelha, a que indica que o paciente está em estado crítico e precisa de socorro imediato. A pasta, com 22 hospitais, além de institutos, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Postos de Assistência Médica (PAMs), acumula dívida de cerca de R$ 1 bilhão.

Além de atrasar o pagamento de fornecedores, como os de medicamentos e insumos, a secretaria também está em débito com empresas prestadoras de serviço como limpeza e segurança. Na última semana, funcionários da Prol (antiga Facility), encarregados do preparo da alimentação no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, ameaçaram cruzar os braços devido à falta de pagamento. Seguranças da unidade contratados pela mesma empresa e maqueiros terceirizados de outra firma também. Eles conseguiram receber no último dia 17.

A dívida, iniciada na gestão passada — segundo fontes da área, o ex-secretário Marcos Musafir deixou um déficit de cerca de R$ 700 milhões — atinge as Organizações Sociais (OSs) que atuam nos hospitais. Hoje, a secretaria está com os pagamentos de todas atrasados. Pacientes do Hospital Getúlio Vargas, na Penha, estão preocupados. A responsável pela unidade estaria exigindo aumento no valor do contrato e chegou a afirmar que pode interromper o atendimento na pediatria.

Em nota, a pasta negou o risco de suspensão do serviço. Assim como a Seap, atribuiu a crise a um reflexo de “Fatores como desaceleração do crescimento econômico do país e a redução dos preços do petróleo (royalties), entre outros”.

Atendentes sem salário

Na Polícia Civil, a crise financeira atinge, sobretudo, os funcionários terceirizados. Há reclamações de atrasos de salários para porteiros, faxineiros e vigilantes em delegacias distritais, especializadas e até na Cidade da Polícia — que concentra 14 unidades, cinco órgãos da Chefia de Polícia e uma prefeitura para cuidar da área administrativa, no Jacaré.

Em sua página no Facebook, a delegada Monique Vidal, titular da 14ª DP (Leblon) chegou a comentar os problemas gerados pela falta de verbas, na tarde de ontem: “Gente, não adianta ligar pra ouvidoria e reclamar que não tem atendente nas delegacias, elas não estão recebendo. Na 14ª DP, as meninas estão trabalhando. Mas eu tenho vergonha na cara e não vou cobrar que cheguem às 8 da manhã.”

Outros delegados e inspetores ouvidos pelo EXTRA reclamam, ainda, de limite de custos, como o do combustível. Atualmente, cada delegacia teria 200 litros de gasolina por veículo, por mês. Quando esta quantidade é atingida, as despesas têm que ser arcadas com o dinheiro dos funcionários.